Entre os provérbios mais curiosos da cultura popular, está o conhecido “Santo de casa não faz milagre”. A expressão traduz uma realidade comum: pessoas próximas tendem a não reconhecer o valor de quem está ao lado, preferindo admirar aqueles que vêm de fora.
Esse comportamento pode ser observado em diferentes contextos. No trabalho, é comum que ideias vindas de um consultor externo sejam mais aceitas do que as mesmas sugestões apresentadas por alguém da equipe. Na família, muitas vezes o talento de um parente passa despercebido, mas quando alguém de fora elogia, todos se impressionam. No círculo de amigos, não raro se busca inspiração em desconhecidos, enquanto se ignora a sabedoria presente entre os mais próximos.
Mas por que isso acontece? Um dos motivos está na familiaridade. Quando convivemos diariamente com alguém, acabamos normalizando suas habilidades e conquistas, como se fossem menos extraordinárias justamente por estarem tão perto de nós. O olhar de fora, por sua vez, gera novidade e costuma despertar mais admiração.
Outro fator é o prestígio social. Muitas pessoas atribuem mais valor ao que vem de fora, acreditando que é mais legítimo ou mais relevante apenas por não ser doméstico. Isso revela uma dificuldade em reconhecer que grandes talentos também podem estar em nosso próprio círculo.
O ditado, portanto, não é apenas uma constatação, mas também um convite à reflexão. Será que não estamos deixando de valorizar quem está ao nosso lado? Quantas vezes ignoramos o potencial de pessoas próximas enquanto buscamos inspiração em lugares distantes?
Reconhecer o talento e a importância de quem caminha conosco é um exercício de gratidão e de justiça. Valorizar o “santo de casa” é aprender a enxergar o extraordinário no comum, o talento no cotidiano e a riqueza no que já está ao nosso alcance.
No fim, “Santo de casa não faz milagre” serve como alerta: talvez o milagre esteja acontecendo diante dos nossos olhos, mas só conseguiremos percebê-lo quando aprendermos a valorizar verdadeiramente quem está por perto.
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