Em Lucas 17, Jesus apresenta uma cena que pode soar dura: um servo trabalha no campo ou cuida dos animais, e ao voltar para casa não espera elogios, mas continua servindo, preparando a refeição do seu senhor. Depois de cumprir tudo, ainda deve dizer: “Somos servos inúteis, apenas fizemos o que devíamos fazer”.
Esse ensino mostra que a vida não é sobre esperar reconhecimento por cada esforço, mas sobre compreender que cumprir responsabilidades faz parte do propósito. Mas o alerta vai além: o verdadeiro perigo está em não fazer nada com aquilo que recebemos.
Ao longo de seus ensinamentos, Jesus repetidamente destacou que dons, oportunidades e responsabilidades não podem ser enterrados. A omissão é, em si mesma, uma escolha. Quem não age, quem cruza os braços, quem deixa passar o que recebeu, torna-se como o servo inútil — presente, mas sem impacto.
Essa parábola nos confronta com uma verdade incômoda: muitas vezes queremos recompensa sem entrega, aplauso sem esforço, resultado sem trabalho. Mas a lógica de Jesus é diferente. Ele nos chama a agir não por vaidade ou busca de mérito, mas por consciência de que a vida é feita para frutificar.
Outro ponto importante é que utilidade não está em fazer coisas grandiosas, mas em não se omitir. Ser útil é colocar em prática o que se tem, ainda que pareça pouco. É a soma de pequenos atos que transforma realidades.
O servo inútil é, portanto, aquele que, mesmo podendo, não faz. A parábola é um alerta para que não caiamos na armadilha da inércia. Viver sem agir é desperdiçar o tempo, os talentos e as chances que nos foram dados.
A pergunta que fica é direta: o que você tem feito com aquilo que recebeu? Está apenas existindo ou realmente usando suas oportunidades para servir e transformar?
No fim, a parábola não fala de desvalorizar o servo, mas de mostrar que ação é o que importa. Não fazer nada é perder a chance de dar sentido ao que já temos.
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